Poesias de 1 a 99

#06 – O SOM DO SILÊNCIO

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“sob a luz de neon, o silêncio cresce como um câncer.
as pessoas se curvaram e rezaram
para o deus de neon que elas criaram.
as palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metrô
e nos corredores do cortiço”
Simon & Garfunkel

era a noite fria e chuvosa
então eu saí como um zumbi
para criaturas que, como eu,
vivem nas sombras.

sob a luz de neon
o câncer se espalha
e as pessoas se curvam
ao som de Simon & Garfunkel.

rezas, aspersões de água
benta e nada resolve:
o deus de barro que criaram
se esfarela como um pó seco.

as palavras dos profetas
estão rabiscadas nas portas
dos banheiros sujos das
rodoviárias promíscuas.

cortiços, neons resplandecentes,
silêncios e o escuro breu da
noite sem almas a sufocar
nos corredores do metrô 147.

palafitas, águas podres,
restos de comida, latas,
lixo reciclável, “estercoraria
argila preta”. O Déjà Vu.

Da Essencialidade da Água


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Milton Rezende

Milton Rezende é poeta e escritor, nasceu em Ervália (MG), em 1962. Viveu parte da sua vida em Juiz de Fora (MG), onde foi estudante de Letras na UFJF, depois morou e trabalhou em Varginha (MG). Funcionário público aposentado, morou em Campinas (SP), Ervália (MG) e retornou a Campinas (SP). Escreve em prosa e poesia e sua obra consiste de quinze livros publicados. Fortuna crítica: “Tempo de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos (Penalux, 2015).

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