#06 – O SOM DO SILÊNCIO
.
“sob a luz de neon, o silêncio cresce como um câncer.
as pessoas se curvaram e rezaram
para o deus de neon que elas criaram.
as palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metrô
e nos corredores do cortiço”
Simon & Garfunkel
era a noite fria e chuvosa
então eu saí como um zumbi
para criaturas que, como eu,
vivem nas sombras.
sob a luz de neon
o câncer se espalha
e as pessoas se curvam
ao som de Simon & Garfunkel.
rezas, aspersões de água
benta e nada resolve:
o deus de barro que criaram
se esfarela como um pó seco.
as palavras dos profetas
estão rabiscadas nas portas
dos banheiros sujos das
rodoviárias promíscuas.
cortiços, neons resplandecentes,
silêncios e o escuro breu da
noite sem almas a sufocar
nos corredores do metrô 147.
palafitas, águas podres,
restos de comida, latas,
lixo reciclável, “estercoraria
argila preta”. O Déjà Vu.
Da Essencialidade da Água